domingo, 5 de maio de 2013

Comemorações do 25 de abril na Escola José Falcão de Miranda do Corvo

Comemorações do 25 de abril 

O Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo comemorou o 25 de Abril com o hastear da bandeira e a entoação do hino nacional por parte dos alunos do 1º ciclo, de manhã, contando com a participação do diretor, José Manuel Simões, que proferiu um discurso realçando a importância desta data. A organização coube ao Grupo disciplinar de História que convidou o editor Adelino Castro e o médico Jorge Seabra, ambos combatentes anti-fascistas, para o debate sobre o tema da censura no Estado Novo, que decorreu a partir das 15 horas no auditório da Escola José Falcão.


Depois da explicação do que foi a Pide/DGS, por dois alunos do 12º ano, Adelino Castro leu um texto inédito sobre a experiência vívida de um resistente ao regime de Salazar, contada na primeira pessoa, falando de um outro país. Do país dos bairros de lata, da elevada mortalidade infantil, da miséria, da repressão, da guerra colonial, da morte da Catarina Eufémia. “Lembro-me desse Portugal e da festa da revolução”. A concluir o editor referiu que “é necessário lutar contra as opiniões únicas, fazer um novo exercício de liberdade e de opções novas, a minha geração não passou o testemunho à geração que hoje nos governa, esse papel histórico ficou por fazer e é a vossa geração que tem de o cumprir.”


Jorge Seabra, tomando como referência a sua própria vida, apresentou a sua sala da escola primária, com a grande foto de Salazar como salvador da pátria, e a foto da sua classe onde muitos meninos estavam descalços, o livro da 1ª classe com a saudação nazi, a exaltação da alegria no trabalho, a defesa dos grandes patrões, a mentira da propaganda, “tudo a bem da nação”.


 “Aquele era um país atrasado, com medo de tudo, e tão próximos que esses medos estão novamente, os donos de Portugal são os mesmos de hoje: família Espírito Santo, família Mello, família Pereira”.


Viveu o momento em que a Pide irrompeu em sua casa e prendeu o pai, Armando Sucena Seabra, a guerra colonial, a Primavera Marcelista e em 66 era estudante em Coimbra e morava na República do Quim dos Sobas, participou na crise estudantil de 69 e viu os seus amigos serem presos e levados para Peniche, como António Garcia Neto, ou Gilberto Saraiva de Carvalho para o Tarrafal. Até que chegou a sua vez foi para Caxias onde esteve cerca de vinte dias em isolamento, para além de ter sofrido a tortura do sono durante quatro. Mas a luta continuou e deu-se o 25 de abril e a democracia mudou a imagem do país, dando mais dez anos de esperança média de vida aos portugueses. “Mas há quem queira apagar Abril, proibir as greves a bem da nação, castigar, incutir medos. Dois milhões e meio de pessoas trabalham ao sábado, dois milhões de pobres, o terceiro país da UE com maior desigualdade entre ricos e pobres, e dizem-nos sempre que não há alternativa, mas há, sejam solidários, críticos, não tenham preconceito de mudar e defendam os vossos direitos.” Esta foi a mensagem final deixada por Jorge Seabra.


Seguiu-se uma comovida homenagem ao General Augusto José Monteiro Valente, recentemente falecido, com a viúva Alice Valente lendo um texto do marido sobre a morte, que a todos fez correr as lágrimas.

“Recordamos o homem íntegro, amigo dedicado. O militar de Abril sempre disponível para defender a Liberdade e a Democracia. Obrigada amigo e até sempre!!”